TRADIÇÃO DA TRÍVIA NEGRA

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TRADIÇÃO DA TRÍVIA NEGRA

BRUXARIA FAMILIAR – GRUPO DE BRUXARIA FAMILIAR


    EGRÉGORA

    Nubius Draknir
    Nubius Draknir

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    Mensagem  Nubius Draknir

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    EGRÉGORA



    Eis uma palavra que todos ouvem, logo de cara, quando se adentra no paganismo / bruxaria, mas que poucos param para explicar, esclarecer o que significa e o que é.

    Ouve-se aqui, ali, acolá e logo, quando se pensa que vai ter a sua definição, muda-se o assunto e o foco – pensei muitas vezes que isso era proposital e hoje vejo que na maioria das vezes realmente o é.

    A egrégora é o conjunto de energias, consciências (físicas e/ou não), pensamentos, formas pensamento e intensões que fomentam, sustentam, dão vida e força a uma Tradição e/ou religião. Vale lembrar que com o decorrer do tempo adquire vida, vontade e raciocínios próprios. Uma egrégora é alimentada e fortalecida por intermédio dos ritos, mentalizações, orações e afins que os membros e/ou praticantes das Tradições e/ou religiões realizam em suas práticas ritualísticas de culto e fé.

    Quanto mais práticas, ritos e cultos mais alimentada, forte e atuante é a egrégora. De uma forma ou de outra, no paganismo e demais Caminhos Mágickos, alimentamos as egrégoras no nosso dia a dia por meio de nossas ações e tentativas de nos aperfeiçoarmos dentro das Sendas. Assim a dinâmica do fortalecimento e alimentação são mais fluídas, práticas e, substancialmente, muito mais rápidas – segundo minhas vivências e observações.

    Importante saber que quanto mais antiga, mais velha a egrégora mais potente, mais forte ela é; pois esta foi alimentada, fortalecida e mantida no decorrer de anos, décadas e, até mesmo, centenas de anos. De alguma forma estas egrégoras se manifestam e criam formas e sub-formas pensamento que irão servir de guardiãs e/ou mantenedoras de sua força na possibilidade de fraquejamento/diminuição das potências que a alimentam e sustentam, sempre buscando aqueles que possuem uma afinidade/sintonia com a corrente energética que a egrégora emana.

    Lembrando aqui que estamos falando de egrégoras antigas – centenárias e/ou milenares – tais como, por exemplo, a corrente templária, das tribos indígenas e outras que, com o passar do tempo, de uma maneira ou de outra, perderam seus adeptos e/ou tiveram seus cultos e ritos diminuídos – quer seja por "abandono" ou redução populacional de seus membros e costumes. Podemos citar exemplos de egrégoras que sobreviveram e, ao contrário dos exemplos citados anteriormente, aumentaram sua força devido ao aumento de seus praticantes, bastando lembrar o caso do próprio cristianismo e outras religiões judaico-cristãs.

    Como dito anteriormente, as egrégoras desenvolvem vida, personalidade e vontade própria. A atuação da egrégora dentro de uma Casa – leia-se Tradição – vai de acordo com a força e a personalidade que ela, egrégora, possui e/ou foi atribuída em sua criação/formação; mas lembrando que ela atua e atuará de forma efetiva e impactante na Casa. Não raro a egrégora se multifaceta em si e de si dentro da Casa – em sua potência, decrescência e funções – atuando nas mais diversas formas e vibrações – da mais sutil até a mais densa – com facilidade e eficiência.

    Infelizmente, como todo ser vivo, a egrégora também morre. Isto mesmo, ela não é eterna – mesmo se tratando de um ser e consciência espiritual e astral – ela fenece. Interessante observar que até mesmo as mais antigas possuem seu fim – tudo que tem vida fatalmente morrerá – da mesma forma e, até pior, de modo doloroso e triste.

    A egrégora quando "abandonada" e/ou enfraquecida busca outros a quem possam alimentá-la, por intermédio das formas e sub-formas pensamento descritas anteriormente; e quando não encontra ela começa a se alimentar destas sub-formas e formas pensamento – claro que depois de se alimentar das energias remanescentes de ritos passados, das energias estagnadas do local de culto e/ou astrais e, até mesmo, das energias de seus adeptos até o esgotamento das energias possíveis de serem drenadas e, posteriormente, tal como o corpo humano, a egrégora vai começar a alimentar-se de si mesma, de suas próprias energias. Neste processo a egrégora começa a tornar-se inascessível; ou seja, aqueles que estavam ligados a esta egrégora não a encontram mais, não encontram link, encontram um vazio e/ou uma sensação de uma ponte quebrada que não mais alcança o outro lado.

    Aproveito aqui para demonstrar que uma das principais funções de uma egrégora é ligar e salvaguardar, de forma eficaz e objetiva nossos seres ao Divino. Ela facilita, assegura e protege a forma plea qual nos conectamos, sintonizamos nosso divino interior com o Divino Superior. Não vou me aprofundar neste quesito, voltemos ao que, no momento, objetiva este texto.

    Com o decorrer da auto alimentação a egrégora adormece e neste tempo de adormecimento ela dissipa o restante de suas energias ao meio mágicko, aos elementos de base – elementais – e as Deidades a quem ela prestava serviço. Observa-se que praticamente nada retorna a pessoa e/ou grupo que deu origem a egrégora pois, magickamente, a pessoa e/ou grupo nada mais é do que uma ferramenta, um instrumento do Divino; assim sendo ao Divino retornará.

    E assim uma egrégora encontra seu fim, assim ela morre. Ela retorna aos meios a qual pertence: ao Reino Mágicko, ao Akasha. Na melhor das hipóteses, algumas das energias dissipadas na morte de uma egrégora vão fazer parte, mesmo que minimamente, de outra em construção e/ou crescimento cuja as energias são simpáticas. As energias contidas no Akasha podem e são acessadas como informações/insights de trabalhos, ritos e/ou ideias de cultos e, muito raramente, são ou serão trabalhadas como energia em si, como fora quando a a egrégora possuía vida e era atuante.

    Não existe ressurreição de egrégoras uma vez que uma egrégora morta não retorna para a vida, ao menos não se tem notícia ou conhecimento de tal ocorrido. O fato é que o que realmente acontece é a reconstrução da egrégora morta; em outras palavras é construir uma obra a partir dos restos de outra e, claramente, não é um ressurgir, uma ressurreição ou um renascimento e sim a criação/construção de uma outra egrégora que porventura poderá ter algumas semelhanças e, até, características de sua antecessora.

    Pela dinâmica mágicka de sua natureza, as energias de uma egrégora podem, sim, servir de base para uma nova egrégora em construção, basta lembrarmos que esta energia, agora dissipada, se encontrá nos elementais – memória elemental – que foram embuidos com a energia outrora trabalhada e no Akasha – insights/informações, ideias de ritos e cultos, etc – podendo ser acessada por qualquer pessoa com afinco, vontade e disposição para tal.

    Chamo a atenção para o fato de que ao acessar estas informações e, consequentemente, ao se trabalhar com elas, a pessoa e/ou grupo irá acrescentar e imbuir energias e formatação pessoais que serão estranhas e por vezes divergentes – jamais opostas e/ou contrárias energeticamente – a egrégora original (egrégora morta); logo confirma-se que é uma egrégora nova, reconstruída e não uma egrégora ressuscitada, renascida.

    Vamos agora trabalhar com mais um conceito distinto sobre a egrégora: egrégora suspensa. A diferença já se nota pela nomenclatura, mais tentemos nos aprofundar um pouco mais sobre os conceitos que temos logo abaixo.

    A egrégora suspensa é aquela que é colocada em hibernação – sono – por um um determinado tempo e finalidade, sem que haja os processos de auto alimentação e decorrente morte. Quando suspensa a egrégora continua sendo alimentada por vezes, devido a sua condição, de modo menos frequente e moderado do que de costume. No entanto para a sua hibernação há todo um rito e, principalmente, prévio acordo entre as partes físicas (Tradição, covens, adeptos e/ou membros) e as partes etéreas (Deuses da Casa, todos os seres mágickos e potências trabalhadas) determinando o tempo e a finalidade para tal suspensão; deixando claro para todos que a mesma – egrégora – irá atuar de forma mais sutil e que o seu acesso e trabalho deverá ser o mínimo possível. O mais interessante é que se nota, neste período de hibernação da Casa e sua Egrégora, uma maior união entre os seus membros e o fortalecimento de sua estrutura, conceitos e ideais.

    Por outro lado, quando há a morte de uma egrégora nota-se desestruturação da Casa a qual estava vinculada. Vê-se, claramente, brigas internas, desentendimentos constantes entre os membros/adeptos, deturpações e quebra de suas forças e trabalhos, bem como toda a sorte de mazela que antes não existia. A egrégora, ao definhar-se, reflete na Casa, de um modo geral e explicito, a sua condição. Não existe um acordo prévio das partes coexistentes em sua formação e nem a determinação para uma hibernação ou tempo de suspenção de trabalhos/estudos, mas sim um desleixo com tudo e com todos e, por fim, o completo abandono e morte da Casa. Inúmeros são os motivos e, mais ainda, inúmeras são as formas de se reconhecer a morte de uma egrégora, e o fim, extinção de uma Tradição. Acredito que uma das características mais notórias sejam o esquecimento do sacerdócio, das responsabilidades junto aos membros/adeptos por parte dos líderes, a quebra de votos e juramentos, a dispersão dos membros e fim abrupto.

    De tempos em tempos presenciamos o nascimento, bem como a morte de uma egrégora.

    Tenhamos cuidado, amor, respeito e honradez para com as energias e egrégoras que construímos (ou ajudamos construir), que trabalhamos em nosso sacerdócio, em nossa Casa (leia-se Tradição, Coven, Clã, Círculo, …), para com os Deuses a quem prestamos serviço e culto e, principalmente, para a Grande Teia a que tudo pertence.


    Da mesma forma que respeitamos aqueles que se foram antes de nós – quer sejam entes queridos, amigos, enfim, para com os mortos – tenhamos, da mesma forma, para com as egrégoras que se findaram. Tenhamos a consciência e o bom senso de reconstruir, criar e crescer com trabalho sincero, honroso, amoroso e com um querer verdadeiro do espírito –e não como mais um brinquedo que iremos nos cansar  e trocar depois de nos entediarmos de brincar como muitos fazem por aí –, que se tenha mais ética, verdade e transparência – não somente para com os outros que estão a nossa volta, mas para com nós mesmos – de forma a se ter reconhecimento pelo que se está fazendo e não pelo que se foi um dia.

    Ao meu ver, e posso estar enganado, a melhor forma de se honrar, demonstrar amor e respeito a uma egrégora que se foi e/ou a uma Tradição extinta é trabalhar citando (sempre que possível), enaltecer e relembrar as memórias de como realmente foi e aconteceram as conquistas – principalmente espirituais – e os méritos alcançados em tempos idos e deixar claro a todos que o que se tem hoje é algo novo e diferente, e não um renascimento, uma volta do limbo, das estrelas ou qualquer coisa que o valha.

    Que possamos ter o discernimento, a consciência, o amor e o cuidado para reconhecermos o que se foi, o que se é e o que será, verdadeiramente, um trabalho bem feito, uma Casa respeitosa e uma egrégora honrosa pois, de um modo ou de outro, um está conectado ao outro e um irá refletir de forma clara e intensa no outro. Que tenhamos a capacidade de auxiliar aqueles que estão vindo e que virão depois de nós a não serem ludibriados; a encontrarem um solo fértil, rico em verdade, honra, amor e beleza pois, querendo ou não, estamos construíndo, hoje, egrégoras mais fortes e estáveis – além de estarmos reforçando e fortalencendo as egrégoras já existentes – para o amanhã; assim como nossos antepassados – mágickos ou não – construiram, ontém, as egrégoras que desfrutamos, partilhamos e trabalhamos hoje.



    Nubius Pendragon – 2 de Outubro de 2014
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